Que seja doce!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009


Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário Letras, lados, lestes O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade... nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade no meu retrovisor A menina debruçando favores toda suja É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar Prendas de quermesse A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele E nesse tráfego acelero o que posso Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor Retrovisor é passado É de vez em quando... do meu ladoNunca é na frente É o segundo mais tarde... próximo... seguinte É o que passou e muitas vezes ninguém viu Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidasMostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas Deixa explícito que se vou pra frenteCoisas ficam para trás A gente só nunca sabe... que coisas são essas

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Desejo a você…Fruto do mato,Cheiro de jardim,Namoro no portão,Domingo sem chuva,Segunda sem mau humor,Sábado com seu amor,Crônica de Rubem Braga,Filme antigo na TV,Ter uma pessoa especial,E que ela goste de você,Música de Tom com letra de Chico,Frango caipira em pensão do interior,Ouvir uma palavra amável,Ter uma surpresa agradável,Noite de lua Cheia,Rever uma velha amizade,Ter fé em Deus,Rir como criança,Ouvir canto de passarinho,Sarar de resfriado,Formar um par ideal,Tomar banho de cachoeira,Pegar um bronzeado legal,Aprender um nova canção,Esperar alguém na estação,Queijo com goiabada,Pôr-do-Sol na roça,Uma festa,Um violão,Uma seresta,Recordar um amor antigo,Ter um ombro sempre amigo,Uma tarde amena,Tocar violão para alguém,Ouvir a chuva no telhado,Vinho branco,Bolero de Ravel,E muito carinho meu.,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Todo o homem de hoje, em quem a estatura moral e o relevo intelectual não sejam de pigmeu ou de charro, ama, quando ama, com o amor romântico. O amor romântico é um produto extremo de séculos sobre séculos de influência cristã; e, tanto quanto à sua
substância, como quanto à seqüência do seu desenvolvimento, pode ser dado a conhecer a quem não o perceba comparando-o com uma veste, ou traje, que a alma ou a imaginação fabriquem para com ele vestir as criaturas, que acaso apareçam, e o espírito ache que lhes cabe.Mas todo o traje, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em quem o vestimos.O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceita desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.