Que seja doce!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Esperança




Mário Quintana


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vontade de tentar se encontrar e se achar ainda que perdida ,em meio a vida,ao tempo,as circunstancias,aos momentos.Hoje o vazio por que não,amanhã...amanhã eu quero mais é me encontrar...afinal mal posso acreditar que tenho limites,que sou recortada e definida.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Não te quero a não ser porque te quero



Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço,
e a medida do amor meu, viageiro,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consuma a luz de Janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.

Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

Pablo Neruda - Cien sonetos de amor

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Canção do dia de sempre



Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mário Quintana

terça-feira, 15 de dezembro de 2009


Se não fosse amor

Se não fosse amor seria brisa
Que é suave quando toca
O silencio que em tudo basta
Outrora seria a esperança
Nunca é longa quando é doce
A música? a beleza encanta,
Enobrece a alma...
Se não fosse amor seria o calor
Envolve, aquece, se passar deixa marcas
Seria tudo que é intenso, pois só é intenso
Quando é amor

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


Sempre dói mais ter algo e perdê-lo do que não ter aquilo desde o começo.

O Caçador de Pipas

Quando me amei de verdade


(Charles Chaplin)


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E, então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome...
Auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as
minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento .
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar
alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo
sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu
mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável ... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Descobri a... Humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida
acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é... Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e
me decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e
valiosa aliada.
Isso é.... Saber viver!!!
AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana -

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


"Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!"
Mario Quintana

E a paixão deve ser como a noite(pausa)eterna!!

Tecendo a Manhã
João Cabral de Melo Neto

"Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão".

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009









(...)E cada vez mais se adensavam os sonhos e
adquiriam cores dificéis
de de diluirem palavras...



Clarice lispector

Perto do coração selvagem

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009



Deixai que os fatos sejam fatos naturalmente
Sem que sejam forjados para acontecer
Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes
Lentamente deixai que as coisas que lhe circundam
Estejam sempre inertes como móveis
Inofensivos para lhe servir quando for
Preciso e nunca lhe causar danos
Sejam eles morais físicos ou psicológicos

sábado, 5 de dezembro de 2009


(...) Vai parecer coisa de maluco,se eu lhe contar que invadi o Palace hotel de madrugada ,esmurrei a porta do fraces e com voz alterada gritei,polícia!


Chico Buarque(do livro Leite Derramado)

(...)e dai??eu adoro voar.......

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Chuva misturada com saudade

Sonhos e ventos
desejos e frio
lembranças e trovões
lagrimas e tempestade sem fim

sexta-feira, 30 de outubro de 2009


Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário Letras, lados, lestes O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade... nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade no meu retrovisor A menina debruçando favores toda suja É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar Prendas de quermesse A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele E nesse tráfego acelero o que posso Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor Retrovisor é passado É de vez em quando... do meu ladoNunca é na frente É o segundo mais tarde... próximo... seguinte É o que passou e muitas vezes ninguém viu Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidasMostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas Deixa explícito que se vou pra frenteCoisas ficam para trás A gente só nunca sabe... que coisas são essas

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Desejo a você…Fruto do mato,Cheiro de jardim,Namoro no portão,Domingo sem chuva,Segunda sem mau humor,Sábado com seu amor,Crônica de Rubem Braga,Filme antigo na TV,Ter uma pessoa especial,E que ela goste de você,Música de Tom com letra de Chico,Frango caipira em pensão do interior,Ouvir uma palavra amável,Ter uma surpresa agradável,Noite de lua Cheia,Rever uma velha amizade,Ter fé em Deus,Rir como criança,Ouvir canto de passarinho,Sarar de resfriado,Formar um par ideal,Tomar banho de cachoeira,Pegar um bronzeado legal,Aprender um nova canção,Esperar alguém na estação,Queijo com goiabada,Pôr-do-Sol na roça,Uma festa,Um violão,Uma seresta,Recordar um amor antigo,Ter um ombro sempre amigo,Uma tarde amena,Tocar violão para alguém,Ouvir a chuva no telhado,Vinho branco,Bolero de Ravel,E muito carinho meu.,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Todo o homem de hoje, em quem a estatura moral e o relevo intelectual não sejam de pigmeu ou de charro, ama, quando ama, com o amor romântico. O amor romântico é um produto extremo de séculos sobre séculos de influência cristã; e, tanto quanto à sua
substância, como quanto à seqüência do seu desenvolvimento, pode ser dado a conhecer a quem não o perceba comparando-o com uma veste, ou traje, que a alma ou a imaginação fabriquem para com ele vestir as criaturas, que acaso apareçam, e o espírito ache que lhes cabe.Mas todo o traje, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em quem o vestimos.O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceita desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.